sexta-feira, 9 de julho de 2010

Promessas de meio de ano


Que ano difícil ._.

Acho que nem é "difícil" o termo certo. Talvez apertado, talvez trabalhoso, talvez cansativo.

Talvez produtivo.

Mas o fato é que estamos passando de sua metade neste momento, vagarosamente a cada hora, a cada dia, como a curva lenta de um rio. E, no entanto, estou eu cá, bufando e suspirando e pedindo para acabar logo enquanto eu penso em tudo o que eu ainda preciso fazer antes que acabe.

Me desejem sorte.

E é nessas que me pego pensando nas necessidades de mudanças neste momento. No quanto tudo, na verdade, está levemente mudando independente da minha vontade, e exigindo que eu tome decisões e mude meu comportamento para que possa sobreviver até o fim do ano.

Isso me fez rir. Rir e pensar em que tipo bizarro de temporalidade eu me enfiei em que as promessas não podem esperar o fim do ano para se fazerem necessárias. Agora os ciclos são de semestres, mesmo que não haja rojões e festas no meio do ano - mas há, a copa, as festas juninas, meu aniversário... e se não houvesse, criaria -, mesmo que não haja uma marcação rígida dizendo que algo acabou e algo outro vai começar agora, há a necessidade de mudanças. Ou ao menos de promessas de mudanças.

Então vamos a elas, para que eu não me perca no tempo, já que meu tempo se perdeu:

- Preciso voltar a conciliar atividades: uma de aprendizado, uma de produção, uma física e uma cultural. Vou começar a estudar uma nova língua, me dedicar mais ao meu trabalho e ao mestrado, voltar a fazer natação e frequentar decentemente o coral.

- Preciso aprender a me organizar. Ou talvez não organizar, porque de listas do que fazer estou cheia. Preciso aprender a cumprir minha organização.

- Preciso ser mais amiga dos meus amigos. Eles estão crescendo em número e variedade e dar a atenção que eles me pedem é difícil e trabalhoso e delicioso e divertido. E eu não posso me dar ao luxo de abrir mão disso por falta de atenção.

- Preciso parar de inventar coisas para fazer.

Não vou me preocupar em emagrecer ou arrumar emprego. Deixo isso para o fim de ano.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Arrepio bom




É tão bom sentir frio.

Sentir os dedos dos pés de repente se destacarem. Você não presta muita atenção neles normalmente, exceto quando precisa cortar as unhas ou algum sapato fica pegando e você tem a certeza de que vai ter uma bolha no fim do dia. O frio dói nas costas, mas é nos dedos dos pés que ele começa, e vai se espalhando pela sola do pé, e sobe pelas canelas e pára. É aí que as costas começam a doer. O frio que bate nas costas parece emanar das coisas e entrar em você. Emana da parede, da cadeira, do ar. É no frio das costas que você sente falta de abraço, que você se preocupa se vai ou não ficar doente, que você se encolhe. O frio das costas se irradia e caminha de uma forma sinuosa que chega ao rosto. E então você descobre que, além de dedos do pé, você tem um nariz. Os mais sensíveis descobrem os dentes também, de uma forma muito curiosa. E os lábios racham e se enrugam e se encolhem involuntariamente frente ao frio. É nesse momento que as mãos ficam inquietas e parecem que as articulações dos dedos crescem e dá vontade de estalar, mas não se estala porque seria perigoso quebrá-las frente à ciência do frio. As unhas levemente roxas surgem na mesma proporção que a fumacinha que saí com a respiração de uma maneira tão rara e divertida que faz sorrir, mesmo como uma prova irrefutável de que está na hora de colocar mais roupa.

É bom sentir frio. É tão... físico e vivo e simples.

É tão algo para se sentir.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Entre três paredes

Foto: Sarah Moralejo/Bauru: 03.2010

Eu, como todos, tenho vizinhos. Eu, como pessoa que moro sozinha em uma kitnet de fundo de quintal, tenho um vizinho de janela. E esse conceito é muito engraçado, porque tem dias que as janelas se abrem juntas, tem dia que uma se abre, a outra não. Tem dias que elas permanecem fechadas.

Mas, independente dessa limitação de espaço físico, há vida logo ao lado. Ele assovia a música que eu ouço. Eu escuto a água caindo enquanto ele toma banho e sinto o cheiro do perfume dele tanto quanto do arroz que ele queimou na hora do almoço. Não nos falamos todos os dias, mas eu sei dizer quais os dias em que ele está em casa e o que está fazendo em seu âmbito mais íntimo. Assim como aposto que ele sabe sobre mim, talvez até mais, já que sou levemente mais barulhenta.

E é curioso pensar em como eu me sinto sozinha a maior parte do tempo. Como é necessário algo muito mais do que presença ou convivência ou mesmo partilha do íntimo para se ter, de fato, companhia.

E eu me vi com a necessidade de definições nesses dias. Do que é ser sozinha. Do que é estar sozinha. Do que é precisar. Do que é amigo.

E não cheguei a conclusões, o que sempre me deixa feliz. (e percebo agora que não-conclusões têm sido uma constante nesse blog o.o)

Mas fiquei triste por toda essa distância.

segunda-feira, 15 de março de 2010

O vício da escrita


Esses dias eu vi, ouvi ou li em algum lugar que não me lembro onde - uma dessas semi-informações que passam pela gente diariamente em avalanches consecutivas, em que se pesca idéias sem porquê - algo sobre a profissão de escritor ser a mais explorada, pois, mesmo quando o escritor está de férias ou se divertindo ou simplesmente buscando qualquer coisa nova fora de seu trabalho, ele está escrevendo.

E neste momento, tentando organizar meus afazeres, eu percebi o quanto isso é verdade. E não é somente uma questão de escrever para trabalhar, para relaxar, para se divertir, para se distrair. Como tudo no ser humano, o ato da escrita, mesmo naqueles em que ele é mais espontâneo, tende a falhar em alguns momentos. Mas mesmo nestes ainda há a preocupação com o não escrever ou com o que se escreverá mais adiante.

O escritor, quando não está escrevendo, está recolhendo repertório de tudo para o que escreverá em seguida. Isso quando consegue conter o impulso de fazer anotações.

E eu, que nunca sei de nada, também não sei o quanto isso é bom ou ruim. A escrita me traz a sensação de afazer, de utilidade, de competência, de trabalho e suor, mas também o prazer e o alívio de fluir o que sou. É essência e produto. É um processo exaustivo, mas prazeroso. E nesse contraste entre necessidade fisiológica e mercadológica, se encontram os dedos cansados e humanos por traz do teclado.

E eu me pergunto: até que ponto escrever, para o escritor, não é algo que simplesmente acontece. O resto que seja resto.

terça-feira, 9 de março de 2010

Das fotos que eu não tirei


Foto: Sarah Moralejo/Unesp Bauru: 03.2010

Primeiro, eu queria uma máquina fotográfica.

Ganhei uma ano passado, em julho. Amadora, presente da minha madrinha de crisma pelo aniversário + conclusão da faculdade. Fiquei feliz. Mas uso muito menos do que imaginei que fosse usar.

Sexta passada, conversando com o Shade sobre o Tumblr, tomei a decisão de que ia fotografar mais. Peguei minha máquina e fui para a Unesp, porque tinha coisas para fazer lá, e depois para o centro da cidade. Bati 96 fotos aleatórias, inclusive esta acima. Bonitas, com alguma carga informativa/artística, mas por algum motivo elas não me fizeram feliz. Voltei para casa xingando Bauru por hábito, dessa vez porque não tinha lugares/situações legais para fotografar.

Ontem, voltando da faculdade olhando o pôr do sol, eu vi três ou quatro situações em que o primeiro pensamento que passou pela minha mente era "cara, isso merece uma foto". A luz amarelada envolvendo a árvore caída de galhos secos, o sol se pondo por trás da fileira de pinheiros, os fios brilhando em dourado, as pedras molhadas em primeiro plano contra a avenida movimentada.

E eu não estava com minha câmera.

Eu, que reclamo, temo e choro pelas coisas que não fiz na vida, dessa vez não tinha em quem colocar a culpa pelas fotos que eu não tirei.

domingo, 7 de março de 2010

Sobre desejos e necessidades

Coisas estão mudando e decisões precisam ser tomadas.

Eu queria não ter que decidir coisa nenhuma. Minha vida é importante demais para mim para que tudo seja sim ou não, agora ou nunca.

Comer é necessário e para tanto é preciso dinheiro que exige trabalho.

Eu queria escrever. Queria viver do que eu sou capaz de criar com mais facilidade e competência do que eu faço qualquer outra coisa. Mas ainda não consegui viabilizar isso, então faço mestrado, o que não é tão ruim, porque eu gosto de aprender e ensinar. Mas nunca vou conseguir escrever um texto científico com a mesma facilidade que escrevo um romance, mesmo que tenham a mesma tese central.

E entre decisões premeditadas, assumi duas responsabilidades recentemente que eu não sei até que ponto me ajudam ou prejudicam, mas me dão uma satisfação incompatível com seus valores globais: me tornei professora no cursinho Primeiro de Maio, fazendo trabalho voluntário para os futuros alunos da Unesp, lugar que já me deu tanto; e me tornei moderadora da seção TG do Fórum 6v, sobre Harry Potter, o lugar (virtual ou não) onde passo a maior parte do meu tempo, crescendo e produzindo.

Talvez eu preferisse uma sala menor do que 100 alunos para ser a primeira onde vou dar aula ou que a seção pela qual eu fosse responsável fosse de um ship slash, ou que tudo o que eu sei que vou ter que dedicar e trabalhar para fazer isso que escolhi fazer crescer pudesse me ajudar a comer e não entrar em conflito com o que me ajuda. Mas eu escolhi isso e só espero que sejam escolhas... certas, por falta de palavra melhor.

Me desejem sorte, pois estou feliz.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Coleção de figurinhas

Foto: Sarah Moralejo/Bauru: 2010


Abri um outro blog (este pelo Tumblr), entitulado Inside my Mint. Eu ainda estou aprendendo a mexer nele, então não esperem nada elaborado por enquanto. A proposta é fazer um mural de imagens que eu encontro por aí e talvez, com o tempo, postar minha produção também.

Somente imagens.

A vida em suspensão


O que ando fazendo: depois de passar férias na casa dos meus pais com pouco acesso à internet, exceto para baixar séries, a volta para casa em fevereiro foi aliviante. Percebi que eu estava exausta e ao mesmo tempo cheia de compromissos. O mês sumiu entre livros e sono demais para conseguir fazer qualquer coisa decentemente. Vamos começar 2010 agora.

O que ando lendo: Sinceramente? Nada. Um pouco de fanfiction, um pouco de estudo, mas nada que me prenda realmente, tampouco algo completo.

O que ando ouvindo: Depois da festa de 80 anos da minha vó, em que fui responsável pela música, fiquei por algumas semanas presa a um tipo de Sertanejo. Nos últimos dias de luta para terminar um trabalho infernal, apelei continuamente para Apocalyptica, do qual já estava com saudades. Agora, em específico, estou para coisas leves, mais romantiquinha.

Afinal, quando vou voltar por aqui e fazer disto algo válido: Em muito breve. Com cada coisa entrando em seu lugar, aumenta minha capacidade de refletir e produzir. Espero conseguir tempo de vir e registrar. Mas volto logo.

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